Teleco



Teleco foi o primeiro grande centroavante da história do Corinthians. Com média de 1,02 gol por partida, a exemplo de Baltazar foi mais um corinthiano a superar Pelé, já que a média de gols do rei do futebol foi de 0,93 por partida.

O paranaense Uriel Fernandes foi apelidado de Teleco por sua avó, mas nem ele mesmo sabia o porquê do apelido. Começou sua carreira no Britânia de Curitiba, clube que mais tarde através de fusões se transformaria no atual Paraná Clube. Os gols do jogador chamaram a atenção do Corinthians, que foi até o Paraná buscar o atacante. Sua inscrição no time serviu como um marco na história do Corinthians e do futebol brasileiro. Mesmo muito tempo após a abolição da escravatura, o preconceito racial contra negros era muito forte.

Chegou ao Corinthians em meados dos anos 1930, mas mesmo assim as equipes continuavam reticentes com relação a inscrição de atletas negros. O Corinthians desconheceu o preconceito e inscreveu o atleta negro no Campeonato para fazer história com a camisa alvinegra.

A chegada de Teleco no Time do Povo aconteceu dois anos depois da Revolução Constitucionalista, quando os paulistas se armaram para combater o ditador Getúlio Vargas. Sua estreia ocorreu em 16 de dezembro de 1934, em amistoso disputado em São Januário contra o Vasco - O Corinthians foi goleado por 5 a 0. Teleco substituiu o meia-esquerda Mamede. O primeiro gol não demorou muito. Na última partida de 1934, no duelo contra a Portuguesa, o Corinthians vence por 4 a 1 e Teleco fez o segundo e quarto gols da vitória.

1935 começa para o Corinthians em 6 de janeiro, contra o Hespanha no Parque São Jorge; O Timão vence por 3 a 0 e Teleco marcou duas vezes. Na quarta partida ele já alcançava a média exata de um gol por jogo. Na década de 1930 o Corinthians incorporou o carisma de time das grandes viradas. Teleco foi o responsável direto por isso em várias ocasiões. Era um atacante rápido e ao mesmo tempo forte. Batia tanto de esquerda quanto de direita, sabia fazer gols de cabeça e era raçudo. Além de todas estas qualidades, se notabilizou por um traço peculiar e feliz para qualquer corinthiano: marcar muitos gols contra o rival Palestra Itália. Foram 15 gols em dez anos de clube.

Em 10 de Fevereiro de 1935 o Timão tirou a pose dos Argentinos do Boca Juniors, que em excursão ao Brasil já haviam vencido Botafogo por 4x0, São Cristovão por 6x1 e empatado com Palestra e Vasco. No amistoso internacional com o Timão, porém, quem deu as cartas foi o mosqueteiro, que venceu por 2x0 e poderia ter vencido por um placar ainda maior, não fosse a deselegância do time Argentino em abandonar a partida após a marcação de uma penalidade máxima, “Teleco” esteve em campo e ajudou a botar o Boca para correr, corre Boca...

Teleco jogou na vitória de virada por 4 a 1 contra o Palestra Itáliaem 4 de agosto de 1935 pelo Campeonato Paulista, na Fazendinha. O Timão estava sofrendo nas mãos dos palestrinos havia cinco anos, mas esse dia foi o da redenção. Teleco empatou o jogo e Teixeira marcou os outros três. Nese mesmo ano, Teleco foi o artilheiro do campeonato somando nove gols; no ano seguinte, repetiu a dose com outros nove gols.

O Centroavante se consagrou e virou ídolo definitivamente em 1937, quando terminou pela terceira vez consecutiva como artilheiro do Campeonato Paulista com 15 gols. No jogo decisivo, contra o Palestra Itália, em 14 de novembro de 1937, no Parque Antártica, ele não poderia entrar em campo, pois estava com o braço machucado e imobilizado. Seu substituo Zuza ao receber a noticia de que substituiria o artilheiro, simplesmente “desmaiou”. Sem saída, os treinadores Neco e Antônio Pereira, decidiram escalar Teleco no sacrifício.


O jogador entrou em campo com uma camisa de maga comprida, para esconder a talas de bambu que amarrava seu braço machucado. Quem pensou que ele só fosse fazer número em campo, se equivocou. Aos 20 minutos da primeira etapa, os “Deuses” da bola iluminaram o caminho do artilheiro, Teleco marcou de cabeça para o Corinthians em pleno Parque Antártica que praticamente garantiram ao Timão o primeiro título da era profissional. Bastou um empate com o Juventus e uma vitória por 3 a 0 sobre o Estudantes.

Em 1938 o Corinthians encontrou o parceiro ideal para Teleco no ataque. Servílio de Jesus, meia-direita. Além de uma das mais mortais parcerias de ataque corinthianas de todos os tempos, foi criada também uma grande amizade fora de campo. Entre os dois havia um entrosamento perfeito, ambos marcaram muitos gols e conquistaram títulos. O Bicampeonato paulista de 1938 foi conquistado de forma invicta. Em 1939, conquistou o terceiro tri paulsta (façanha conquistada apenas pelo Corinthians até hoje). Mais uma vez Teleco foi o artilheiro do certame, com 32 gols. No ano de 1941, outro título paulista, outra vez artilharia para Teleco, que pela quinta vez era o maior artilheiro da competição. Desta vez com 26 gols.

Em março de 1944, o "homem gol", aos 30 anos de idade, realiou sua última partida com a camisa do Corinthians. O jogo foi no Pacaembu contra o Ypiranga. Após 2 a2 no tempo normal, o Corinthians vence por 4 escanteios a favot contra 3 do Ypiranga. Garantindo assim o título do Torneio início de 1944. Seu gol de despedida aconteceu em um amistoso em Sorocaba com a equipe do São Bento. - vitória por 5 a 1 e um gol dele.

Em dez anos de clube, Teleco atuou em 246 jogos. Com 251 gols, é o terceiro maior artilheiro da história alvinegra. Quando se aposentou, passou a ser funcionário do própio Corinthians sendo responsável pela organização e manutenção da antiga sala de troféus.

Ficha técnica:

Nome:
Uriel Fernades
Nascimento: 12 de novembro de 1913
Cidade natal: Curitiba (PR), Brasil
Carreira no Corinthians: 1934 - 1944
Títulos pelo Corinthians: Campeonato Paulista (1937, 1938, 1939, 1941)
Torneio Quinela de Ouro (1942)

Cabeceio: Muito bom, embora não fosse seu ponto forte.
Chute: Pé direito - Excelente, em geral utilizado nas famosas viradas.
Pé esquerdo - Razoável.
Velocidade: Preferia ficar plantado, esperando a bola, do que correr atrás dela.
Habilidade: No geral, ela era apenas suficiente. Já na hora da conclusão, era fantástica.
Posicionamento: Ficava na boca de espera, pronto para dar o bote final.
Marcação: Em sua época, marcação não era coisa de centroavante que se prezasse.

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