Idário



Idário foi mais um "Deus da Raça" da Fiel, outro herói da conquista do quarto centenário. Durante o jogo da final contra o rival Palmeiras, após um chute de Jair Rosa Pinto, com sua famosa bomba esquerda na perna, arriscou um chute contra o gol de Gylmar. No meio do caminho, a bola encontrou o corajoso lateral direito Idário, que pelo título paulista do quarto centenário e principalmente pelo Corinthians, defendeu a meta mosqueteira com sua própria cabeça. O chute de Jair foi tão violento que Idário desmaiou. Na beira do gramado, quando o médico do Corinthians Aroldo Campos, já acenava a possibilidade de substituição, ele ouve uma voz firme: "Doutor, o senhor não é louco! Ninguém vai me tirar deste jogo e nem de qualquer outro". O guerreiro da Fiel, mesmo atordoado, voltou para o gramado. Os mais de 55 mil corinthianos presentes no Pacaembu mal acreditavam.


Este foi apenas um exemplo de raça e amor à camisa mosqueteira demonstrado pelo jogador. O amor que Idário nutria pelo time do Parque São Jorge era tão grande que por muito tempo ele escondeu um eczema na perna, que estava deixando em carne viva. O medo de sair do time por um longo período para tratar deste eczema amedrontava Idário, que tentava em vão curar o mal com aplicações de sulfa. Sua prioridade nunca foi o dinheiro, já que sempre assinava contratos em branco com o Corinthians. Para Idário, o que importava mesmo era jogar pelo Corinthians, tanto que na disputa da "Pequena Taça do Mundo" em Caracas, dirigentes do Barcelona, maravilhados com sua raça incomum, quiseram leva-lo para a Espanha. No entanto, Idário queria permanecer no Corinthians até quando suas pernas aguentassem.

O defensor não temia divididas, mesmo quando sabia que podia se machucar. Os mais antigos contam que era comum ouvir gritos de dor de Idário após levar a pior em uma dividida, mas o que importava era não perder a jogada. Passou a ser chamado pela torcida de "Sangue Azul" pela nobreza de suas atitudes corajosas dentro de campo. Como era descendente de espanhóis, o lateral passou a ser chamado também de "Sangre". Para as torcidas adversárias, que invejavam sua raça, ele não passava de um carniceiro. Mas, para os corinthianos, era simplesmente um ídolo. Idário se superava pela valentia, insuflado pelos gritos que vinham das arquibancadas. "Pega ele, Idário", pedia a massa, colada ao alambrado do Pacaembu. E Idário ia lá e pegava, a bola ou o adversário.

O lateral direito é mais um prata da casa que fez sucesso. Nasceu no bairro de Cambuci, em São Paulo, onde desde muito pequeno já estava acostumado a ouvir de seus familiares, corinthianos fanáticos, as peripécias dos heróis mosqueteiros de outrora. O garoto aprendeu a jogar e amar o futebol disputando peladas às margens do rio Tamanduateí (que na época era limpo), onde dava a vida pela bola. Com este espírito varzeano, Idário foi fazer uma peneira no Corinthians e jogou como se tivesse jogado enfrentando o Palmeiras. Acabou sendo aprovado. Ele subiu dos aspirantes para o elenco profissional em 1949. Estreou no time principal com 22 anos, em um empate de 3 a 3 com o São Paulo em dezembro de 1949. Durante dez anos pelo Corinthians, Idário atuou em 468 jogos, anotando 6 gols.

Brigado com o técnico Sílvio Pirilo, Idário não conseguiu continuar jogando no Corinthians até que suas pernas aguentassem e foi para o Nacional-SP, onde teve uma rápida passagem.

Mesmo após encerrar a carreira de jogador profissional, ele continuou dando provas de amor ao time do Parque São Jorge. Era figura sempre presentes nos jogos do Corinthians, torcendo na arquibancada do velho Pacaembu.


Nome: Idário Sanches Peinado

Nascimento
: 07 de maio
de 1927
Cidade natal: São Paulo (SP), Brasil
Carreira no Corinthians: 1949 - 1959
Títulos pelo Corinthians: Pequena Taça do Mundo (1953)
Campeonato Paulista (1951, 1952, 1954)
Torneio Rio-São Paulo (1950, 1953, 1954)
Torneio Internacional Charles Muller (1955)

0 comentários:

Postar um comentário