Neto

Neto surgiu muito cedo no futebol, com um talento na perna esquerda comparável ao de seu maior ídolo, Rivellino. Aos 16 anos, o meia já despontava no Guarani para uma carreira que viria a ser tão atribulada quanto apaixonada.

Um temperamento explosivo, uma sinergia com a torcida muito intensa, Neto sempre trouxe consigo além do talento a irreverência como sua marca registrada, em um primeiro encontro foi capaz de silenciar a Fiel no Morumbi na final do Paulista de 88 com um belíssimo gol de bicicleta, mas um silêncio de contemplação para um Gênio, um Craque com a bola nos pés, a Fiel parecia compreender que aquela relação seria muito mais intensa em um futuro próximo.

E os "Deuses" da bola capricharam nessa história, não era suficiente a irreverência do craque Neto, nem a sinergia com a torcida, era preciso apimentar esta relação, para ser inesquecível. Assim a história de Neto no Timão começa tendo como pano de fundo a maior rivalidade do futebol brasileiro, o Derby Paulista entre Corinthians e Palmeiras.

Para compreender melhor voltemos um pouco no tempo antes da estréia do ídolo com a camisa do Corinthians, em Março de 89 estréia pelo Timão no Campeonato Paulista o então badalado meia Ribamar, contratado junto ao Sport Club do Recife numa negociação tumultuada, uma vez que Vicente Matheus, então presidente do Corinthians atravessou uma negociação do rival Palmeiras com o jogador, fato que chegou a estremecer a relação entre os dois clubes.

Assinando seu primeiro contrato com o Timão, em 1989

Ribamar não repetiu o mesmo futebol que o tornou alvo da disputa entre os Rivais, fez uma participação mediana no Paulistão de 89, enquanto Neto se estremeceu com Emerson Leão, técnico do Palmeiras naquela temporada. Ao final do certame regional, Leão sugeriu à Diretoria do Palmeiras que propusesse uma troca entre Neto e Ribamar.

Desta forma, Neto passa das alamedas do Paalestra Itália, às alamedas do Parque São Jorge, para escrever seu nome na história do Corinthians e se consagrar como um dos maiores Ídolos do Alvinegro, incendiando ainda mais a rivalidade secular entre Corinthians e Palmeiras.

Vicente Matheus, entusiasmado com a rasteira dada no Palmeiras, uma vez que Ribamar repetia no Verdão o marasmo apresentado no Timão, enquanto Neto ia fazendo gols e comemorando de forma esfuziante junto da torcida, mandou retirar a balança dos vestiários do Corinthians, como forma de agradar o meia que vivia uma briga intensa com o peso.

O Corinthians não fez uma boa temporada em 89, já sem chances no Brasileirão daquele ano, o Timão se preparava para o histórico ano de 90, em que Neto se consagraria de vez no Parque São Jorge, entes, porém o Timão enfrentou o rival Palmeiras no Morumbi em Dezembro de 89, o jogo valia apenas a classificação do Alviverde em caso de vitória, porém o Timão venceu por 1x0 gol de Claudio Adão de calcanhar, para Neto ficou o gostinho de eliminar o time que o desprezou naquele ano.

Nunca ligou muito para a parte física, mantendo-se acima do peso ideal, porém, os mais de 75 kg distribuídos pelo seu 1,74 metro de altura, não impediram que o craque gordinho praticamente desse o título brasileiro de 1990 para o Timão. Naquela campanha, marcou nove dos 26 gols do time, cinco deles em cobranças de faltas, sua maior especialidade. Em 1997, voltou para ser campeão paulista. Talentoso cobrador, capaz de fazer lançamentos preciosos, era um craque à moda antiga.

Neto é reconhecido pelo bom futebol no Corinthians e é chamado para a Seleção Brasileira, sob o comando de Paulo Roberto Falcão apesar ter sido esquecido por Lazaroni na Copa do Mundo, se torna o capitão da seleção entre 1990 e 91. Uma fase que o time canarinho não deslanchou e após a saída de Falcão e chegada de Parreira Neto perdeu seu espaço, ficou a lembrança da partida em homenagem a Pelé, o Ídolo Corintiano substituiu o Rei do Futebol.

Em 1993 após a perda do título Brasileiro para o Palmeiras Neto deixou o Timão, foi jogar no Milionários, time da Colômbia, mas em 1997 Neto retorna ao Corinthians, disputou o Campeonato Paulista daquele ano, já no fim da carreira Neto não tinha mais o mesmo desempenho, mas ajudou na conquista do título Paulista mais uma vez sobre o São Paulo, empatando em 1x1 o jogo final, depois de derrotar Palmeiras por 2x0 e Santos por 4x3.

No mesmo ano, Neto esteve presente em um momento crítico e inusitado, após uma derrota para o Santos na Vila Belmiro. O time foi vitima da fúria da torcida, que cercou e apedrejou o ônibus do clube na Rodovia dos Imigrantes. Mas nem isto abalou o craque, no mesmo ano ainda ajudou o Timão a escapar da zona do descenso no Brasileirão.

Ficha técnica:

Nome: José Ferreira Neto
Nascimento: 09 de setembro de 1966
Cidade natal: Santo Antônio de Posse (SP), Brasil
Carreira no Corinthians: 1989 - 1993; 1997
Títulos pelo Corinthians: Campeonato Brasileiro (1990)
Supercampeonato Brasileiro (1991)
Campeonato Paulista (1997)

Cabeceio: Regular.
Chute: Pé direito - Regular.
Pé esquerdo - Excepcional; forte e colocado.
Velocidade: Compensanva a lentidão com a visão de jogo.
Habilidade: Excepcional.
Posicionamento: Foi o maestro dos times em quem jogou.
Marcação: Zero.

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