Mauro Beting - Sobre o Corinthians

"Sei de gente que ama odiar os mais populares times do país.
Sei de torcedor que preferiu ver o rebaixamento ao próprio time
campeão.
Sei de gente que torce mais contra que a favor.
Não se pode recriminar. Faz parte do jogo.
Mas quem, como eu, não é Corinthians, de fato, não sabe falar pelo
corintiano.
Queria dar o espaço a tantos amigos e colegas corintianos. Eles falam
e sentem e sofrem e vibram melhor.
Só que acho mais sincero um depoimento de quem não é.
Mas que respeita demais quem é.
Quem nasceu Corinthians.
Quem morreu Corinthians.
Quem vive Corinthians- porque viver um amor desse não se usa no
passado, nem no futuro.
É um presente. É um dom. É uma doação, mesmo quando mais parece uma
danação.
Como foi de 1954 a 1977. Como foi a Série B. Como gosta o "maloqueiro
e sofredor, graças a Deus".
É sina. Que não se explica, que fascina até quem não é, até quem não
gosta.
Não sei explicar oCorinthians. Nem os corintianos conseguem

Tanto faz se vai ter Rivellino ou Bóvio em campo.
Não importa o campeonato, o amistoso, o adversário.
Importa é que o Corinthians vai estar em campo.
Aliás, que não me leiam: não importa nem mesmo se o Corinthians estará
jogando.
O que importa é que haverá no estádio e em cada canto um fiel. Um
estado de espírito alvinegro.
Um torcedor que acredita sem ter o porquê;
que torce sem ter por quem;
que joga sem ter com quem.
O corintiano não torce por um time.
Ele torce pela torcida.
Por isso, não precisa a equipe estar em campo.
Basta um corintiano encontrar um corintiano pela cidade. Esse é o
jogo. Essa é a alegria. Essa é a vitória.
Esse é o título incontestável. Um torcedor que se sente campeão só de
ver um outro torcedor.
Isso não explica nem de longe o que é o Corinthians
Mas, do lado de cá (do microfone e da imprensa há 17 anos, da
arquibancada a minha vida toda), posso dizer que não é preciso o
Corinthians entrar em campo para vencer."

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