Para começarmos a falar das qualidades de Baltazar, apenas uma ja diz tudo, pois com a cabeça, nem Pelé foi do melhor do que ele. Oswaldo Siva, pupular Baltazar, "o Cabecinha de Ouro", fez 266 gols ao longo de 401 jogos com a camisa do Corinthians em 12 anos de clube. Destes, 71 foram de cabeça.
Herdou o apelido devido a semelhança com um irmão, que também jogava futebol mas não ficou famoso. Em 1942, com 16 anos de idade, o jovem que desde criança jogava bola na praia iniciou sua vida no futebol atuando pelo Flamengo da Baixada Santista. Dois anos depois, assinou seu primeiro contrato com o Jabaquara, deixando o ofício de auxiliar de caixeiro. Suas boas atuações e gols chamaram a atenção de um grande clube da capital, o Corinthians. Em 1945, com 19 anos de idade, o atleta deixou a baixada Santista rumo ao Tatuapé, em São Paulo.
A estreia de Baltazar do Corinthians aconteceu exatamente contra seu ex-clube, o Jabaquara, em novembro de 1945, em Santos. O jogo terminou empatado em 5 a 5. Na partida seguinte, em 18 de novembro contra o Bahia, em Salvador, Baltazar começou como titular, mas não no comando do ataque, mas de meia-direita, já que o Corinthians contava com Servílio de Jesus, "o Bailarino". O Timão venceu por 1 a0, com gol de Baltazar, a partir daí o atacante se firmou como titular. No início de 1946, em 6 de janeiro, voltou a atuar copntra o Jabaquara, desta vez no Pacaembu. O Corinthians venceu por 6 a 0 e Baltazar marcou o quarto gol.
O primeiro título só veio somente em fevereiro de 1950, quando o Corinthians empatou 1 a 1 com o Botafogo no Pacaembu e conquistou o Torneio Rio-São Paulo. (título mais importante de um clube em termos nacionais na época). Com a saída de Servílio e a entrada de Luizinho na meia-direita, Baltazar passou a atuar de centroavante, onde gostava, foir artilheiro do certame com nove gols. O bom centroavante virou ídolo da Fiel. Artilheiro nato, bola alta na área era infalível para o "Cabecinha de Ouro".
Baltazar em disputa de bola no clássico contra o Santos no Pacaembu.
Os dourados anos 1950 foram o apice da carreira do centroavante. Graças aos seus gols, o artilheiro se tornava cada vez mais conhecido. Certa vez, em um comíssio na Praça da República de Hugo Borghi, candidato a governador do estado, disse que São Paulo precisava de um de um homem de cabeça para comandar o estado. O público presente, em sua maioria conrinthiano sem pestanejar começou a gritar: "Baltazar, Baltazar, Baltazar!"
Com status de um dos melhores atacantes brasileiros da época, Baltazar foi convocado para a copa de 1950. O "Cabecinha de Ouro" atuou nas duas primeiras partidas, deixando sua marca nos dois jogos. Na sequência do campeonato perdeu espaço e não atuou mais.
De volta ao clube, Baltazar continuou sua saga e no mesmo ano foi campeão brasileiro de seleções defendendo a Seleção Paulista. Em 1951, fez parte do fantástico "ataque dos 100 gols" que ajudou o Corinthians a conquistar o campeonato paulista daquele ano. No ano seguinte, com a mesma equipe, Baltazar repetiu o feito e foi ainda foi o artilheiro da competição, com 27 gols. Garantiu também o Rio-São Paulo e o Pan-Americano disputado no Chile com a Seleção Brasileira.
Inspirou músicas, como a marchinha "Gol de Baltazar", cujo refrão dizia: "Gol de Baltazar/ Gol de Baltazar/ Salta o cabecinha, 1 x 0 no placar". Composta pelo corintiano Alfredo Borba em 1952. Ganhou um automóvel em um concurso que o apontou como o craque mais popular de seu tempo.
Baltazar foi peça fundamental no esquadrão corinthiano dos anos 1950. Seu entrosamento perfeito com Cláudio e o habilidoso Luizinho rende-lhe muitos gols. Com Cláudio, de quem o artilheiro costumava dizer ser o mais completo jogador que já havia atuado com ele, o centroavante aproveitava os cruzamentos perfeitos, para com sua grande impulsão, subir e testar firme a bola para o fundo do gol. A cabeçada que mais parecia um chute, de tão forte. Com Luizinho, era a espera na área de uma jogada desconcertante que o deixaria na cara do gol, só para conferir.
Após a glórios conquista do IV Centenário, o Corinthians sentiu os efeitos do envelhecimento de seu esquadrão. Craques históricos começaram a deixar o clube e outra conquista importante só aconteceria em 1977. Em 1957, Baltazar deixou o Timão. Seu último gol foi na derrota para o Rosário Central no Pacaembu, em 12 de janeiro. O gol de honra no amistoso também foi o seu 266° pelo clube, o que fez dele o segundo maior artilheiro da história do Corinthians. Atrás apena de Cláudio Christóvam de Pinho.
Sua despedida ocorreu no dia 26 de abril contra a Portuguesa, no Pacaembu, pelo Rio-São Paulo. O Corinthians perde por 5 a 2 e ele completou 401° jogo pelo Timão, se tornando o 16° jogador que mais vestiu o manto sagrado em todos os tempos.
Baltazar (no centro) como técnico do Corinthians recebendo os recém-contratados Baldochi (à direita) e Vaguinho.
Seis anos depois da sua despedida dos gramados, foi convidado pelo Corinthians para trabalhar de auxiliar técnico da equipe. Esteve à frente do cargo até 1970, quando com 44 anos de idade, foi efetivado como técnico principal. Alcançou bons resultados, sendo que em 1971 levou a equipe até a fase final do Campeonato Brasileiro, mas derrotas seguidas para São Paulo e Cruzeiro combinados com um desentendimento em relação a opiniões técnicas entre a diretoria e treinador, acabou sendo demitido do Corinthians. Por alguns anos, insistiu na carreira de treinador em equipes menores, contudo, sem sucesso. Descontente e passando por dificuldads financeiras, se defendeu navida como pôde, vendendo livros, comerciante e por quatro anos como carcereiro no extinto presídio do Carandiru. O final da sua vida infelizmente foi triste - magoado pela falta de apoio dos clubes com seus antigos atletas, Baltazar encontrava uma pequena ajuda da Portuguesa de Desportos, clube onde nunca jogou. O que feriu realmente o coração do velho ídolo, não foi a ajuda financeira, mas sim a falta de consideração por seu passado glorioso e vitorioso. Em 1996, poucos dias depois de completar 70 anos de idade, o jogador presenciou a bela homenagem feita a Luizinho na estreia de Edmundo com a camisa do Corinthians. Desolado pela falta de reconhecimento, chegou a ficar desaparecido de casa por cinco dias, e foi encontrado seminu perambulando pelas praias de Santos, caminhando sem destino, como um indigente. Em 25 de março de 1997, com 71 anos de idade, seu coração corinthiano parou de bater.
Ficha técnica:
Nome: Oswaldo da Silva
Nascimento: 14 de janeiro de 1926
Cidade natal:Santos (SP), Brasil
Carreira Corinthians: 1946 - 1957
Títulos pelo Corinthians: Pequena Taça do Mundo (1953)
Campeonato Paulista (1951, 1952, 1954)
Torneio Rio-São Paulo (1950, 1953, 1954)
Torneio Internacional Charles Muller (1955)
1 comentários:
Será que se tivessem homenageado Baltazar com o busto no Parque São Jorge por exemplo, antes do seu falecimento, seus últimos dias teriam sido tão difíceis como foram? Lamentável.
Postar um comentário