Creio em Corinthians o Todo Poderoso


Eu era um garoto de apenas 9 anos que, embora já houvesse escolhido o Corinthians ou ter sido escolhido por ele, ainda não tivera a oportunidade de comemorar nem sequer um título (...)
(...)A primeira final de campeonato da qual me lembro, antes do Paulista de 1988, foi a de 1984 (...) Naquele dia ainda não foi a minha vez, um tal de Serginho estragou tudo e eu conhecia a amargura de se perder um título (...) Aquela derrota, ou melhor, o incômodo, a frustração e a tristeza trazidos por ela, também me trouxeram uma certeza. Naquele dia eu tinha absoluta convicção de que era corinthiano.Contudo, para um corinthiano obsessivo aquilo era pouco. Era nada. Eu queria o triunfo, eu queria ganhar.Para tanto, esperei por mais quase quatro anos, até o fatídico 31 de julho de 1.988.Como para o Corinthians nada é fácil, assim também não é para os corinthianos. Não vi o gol de Viola naquela final. Justo o meu primeiro título, a minha primeira festa, comemorei sem o entusiasmo que deveria.Meu drama era não poder eleger prioridades. Meu azar foi ter pais católicos e o pai torcedor do São Paulo. Domingo era dia de missa. Obediente, acompanhei minha família com a cabeça na prorrogação. Lembrei que meu avô havia dito que aquele Guarani era mais perigoso que o tal Santos de 1.984. Minha ansiedade aumentava a cada minuto.A missa começou pouco antes da prorrogação e, confesso, naquele momento eu preferia uma televisão à salvação da minha alma. Não conseguia entender tamanha insensibilidade. As missas eram todas iguais, os mesmos rituais, os mesmos textos, as mesmas mensagens. Aquele jogo não.Aquilo era único, era mágico, era só o que me importava. Enquanto pensava nessas coisas os rojões começaram a estourar. Percebi em alguns homens dentro da igreja um certo desconforto que também foi notado pelo Padre Paulo Guazeli.
O padre, apesar de santista, sabia o que se passava e, após uma breve pausa na celebração, foi até a sacristia e voltou com a notícia.“Caríssimos irmãos, informo a todos que o Corinthians acaba de fazer 1 X 0 no Guarani.”Eu estava exultante, parecia até obra do tal Espírito Santo sendo que, na verdade, a causa daquela alegria era a atuação de um jovem que trajava a inesquecível camisa 16, confiante a ponto de entrar em jogo com 2 camisas, e que, naquele dia, fizera o gol mais importante da minha vida(e da dele também), o qual eu só pude ver mais tarde, já em casa.Passados mais alguns minutos, que me pareceram horas, mais rojões e de novo o padre veio com a informação:“Aviso aos corinthianos que podem voltar a se concentrar na celebração, o Corinthians é o campeão paulista de 1.988.”Jamais esquecerei aquele momento, era como se o tal padre fosse o árbitro que acabara de apitar o final do jogo. Comemorei meu primeiro título na Igreja de Santa Cecília, em Assis, onde recebi o título da boca de um santista, como se fosse justiça divina, para redimir 1.984 quando perdi o título pelos pés de outro.
By Grazi

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