Neco



Manoel Nunes, popular Neco, foi o primeiro grande ídolo do Corinthians e também o primeiro jogador alvinegro a vestir a camisa da Seleção Brasileira juntamente com Amílcar Barbuy.
Polivalente, jogava como ponta-esquerda, centroavante e meia.

O menino Neco, decendente de uma família de imigrantes portugueses, nasceu na cidade de São Paulo em um dia de muita chuva, na Rua José Paulino. Como podem notar, a história do nascimento do Neco guarda semelhanças com a história do nascimento do própio clube.

Com 8 anos de idade, ingressou em um colégio no Bom Retiro. Local onde o garoto poderia educar-se e, ao mesmo tempo habilitar-se em uma profisssão, realizando o sonho de seu pai, que queria ve-lo como um grande marcineiro. Entretanto, ao lado de seu irmão mais velho César, descobriu outra paixão, que ainda começava no Brasil. - o futebol. A decisão em deixar de lado as artes com madeira para ser jogador de futebol, deixou seu pai inconformado, que por sua vez era tranquilizado pela Teresa de Souza Baptista Nunes, sua esposa e mãe de Neco.

Aos 16 anos de idade, Neco começava a sua vida no Corinthians participando do terceiro time da equipe, em 1911. Sua estreia no time principal aconteceu com 18 anos, na última partida disputada pelo Corinthians no Campeonato Paulista de 1913 no embate contra o Americano, no Parque Antártica. O primeiro gol viria no ano seguinte, na primeira partida do Campeonato Paulista - uma goleada de 6 a 0 sobre o Lusitano. Neco fez os três primeiros gols, todos no primeiro tempo. Neste ano, ajudou a conquistar o primeiro título paulista da história do Corinthians, e ainda foi o artilheiro do certame, com doze gols. Voltaria a ser artilheiro da competição em 1920, desta vez com vinte e quatro gols.

Em 1915, o Corinthians não disputou torneios oficiais e quase fechou as portas, ameaçado de ter a sede tomada e todos os seus móveis penhorados. Neco esteve emprestado ao Mackenzie-SP, mas não esqueceu o seu time do coração: comandou um "assalto" ao patrimônio do clube na calada da noite, guardando tudo em um lugar seguro, bem longe dos cobradores.

A sua estreia representando a Seleção Brasileira ocorreu em 3 de outubro de 1917, em jogo contra a Argentina pelo campeonato Sul-Americano, em Motevidéu. A Seleção Brasileira acabou perdendo por 4 a 2, e Neco fez o segundo gol do Brasil, tornando-se também o primeiro jogador do Corinthians a marcar com a camisa da Seleção. Em 1919 ele foi convocado novamente para o Sul-Americano e ajudou a conquistar o primeiro título internacional da história da Seleção Brasileira, na vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai, a famosa "Celeste Olímpica". No ano de 1922 o Brasil repetiu o feito conquistando o bi-campeonato frente ao Paraguai na final por 3 a 0. Neco foi destaque nas duas campanhas vitoriosas, disputadas em terrotório nacional.

O principal jogador corinthiano das décadas de 1910 e 1920, é lembrado não só por sua garra, espírito de luta, liderança e gols, mas também por suas histórias inusitadas, folclóricas. No domingo de 5 de setembro de 1920, no Parque Antártica, o Corinthians venceu o clássico disputado contra os palestrinos. Neste jogo, ao chocar-se com o goleiro Primo, Neco teria dado pontapés no adverário. Mais que isso: teria tirado a cinta que, naquela época, prendia o calção dos jogadores e ameaçado a bater no goleiro.
Neco também gesticulou com a cinta na mão enquanto reclamava com o juiz, dando impressão à torcida de queria agredi-lo. Daquele jogo em diante, cada erro de arbitragem contra o Timão nos jogos em que Neco estava em campo, passou a vir o grito das arquibancadas: "Tira a cinta! Tira a cinta, Neco".


A cinta acabou se tornando uma marca registrada do atacane, que em várias oportunidades ameaçou adversários com ela fazendo a Fiel Torcida ir ao deírio e sempre repetia o coro: "Tira a cinta! Tira a cinta, Neco".

Neco era um jogador com alma de torcedor, e de tão apaixonado pelo Corinthians chegou a proganizar histórias incríveis e inacreditáveis, como uma oferta de suborno no valor de 500 mil-réis para "facilitar" uma partida contra o Palestra Itália. Neco havia aceitado o dinheiro sujo, mas assim que chegou ao clube tratou de contar toda história aos seus companheiros, promentendo jogar ainda melhor do que de costume e, como se não bastasse, usar o dinheiro oferecido pelos rivais para organizar uma festa em comemoração à vitória corinthiana. Neco jogou muito bem e a partida terminou em uma grande briga.

Em 1927, após uma derrota para O Palestra Itália, Neco envolveu-se em mais uma ocorrência peculiar: agrediu o árbitro Ântônio Câmara e foi expulso de campo. Em seguida, foi julgado pelo tribunal, que determinou o banimento definitivo do futebol oficial. Sem poder jogar, Neco passou a ser técnico da equipe, dirigindo o time em 18 oportunidades. Ele também atuava em amistoso, mas para a alegria da Fiel, Neco foi perdoado. O Calvário do ídolo durou apenas seis meses. Curiosamente, seu retorno foi em um jogo justamente contra o Palestra, que cumpria tabela porque já tinha sido campeão paulista antecipadamente. O atacante retornou a tempo de carimbar as faixas do rival.

As confusões pareciam atraí-lo. Na vitória por 3 a 2 contra a Portuguesa, em 25 de novembro de 1928, no Estádio Parque São Jorge, partida que garantiu o título paulista daquele ano ao Corinthians, o diretor da Portuguesa benedito Bueno invadiu o gramado com um revólver e reclamando impedimento no gol de empate do time do povo, anotado por Gambinha. Neco agrediu o dirigente da Lusa, e por pouco não levou um tiro. Após a confusão, a Portuguesa abandou o gramado. Então o árbitro autorizou o capitão Neco a dar a saída e tocar a bola para o gol vazio. Foi a conquista do sexto campeonato.



Encerrou a carreira em 1930, depois de conquistar oito títulos paulistas pelo Corinthians (sendo dois tricampeonatos). No mesmo ano, ganhou um busto no Parque São Jorge (foi o primeiro jogador a alcançar essa honra), onde se pode ler a seguinte inscrição: "A Manoel Nunes (Neco), homenagem da torcida corintiana".

Ficha técnica:

Nome
: Manoel Nunes
Nascimento
: 07 de março de 1895
Cidade natal: São Paulo (SP) Brasil
Carreira no Corinthians
: 1913 - 1930
Títulos pelo Corinthians
: Campeonato Paulista (1914, 1916, 1922, 1924,1924, 1928, 1930)

Cabeceio
: Regular. Não era seu forte.
Chute
: Pé direito - Forte e com direção.
Pé esquerdo -
Fraco.
Velocidade
: Era "um dínamo", como diziam os jornais da época.
Habilidade
: Driblava como poucos em sua época.
Posicionamento
: Não gostava de guardar posição.
Marcação
: Para um atacante, não havia necessidade disso em sua época.

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