Gamarra



O zagueiro começou sua vida futebolística no modesto 30 de Agosto do Paraguai. Com 17 anos, resolveu tentar a sorte no tradicional Cerro Portenõ. Gamarra dividia seu tempo entre o trabalho na olaria de seu pai e os treinos no período da tarde. Sonhava em ser meio-campista, mais precisamente volante. Em 1991, graças ao técnico Paulo César Carpegiani, foi recuado para a zaga e acabou desistindo da idéia de meio campo.


Com uma carreira promissora em vista, ele sabia da necessidade de jogar fora do Paraguai para ganhar mais visibilidade. No Independiente da Argentina, o atleta não se adaptou. Em 1995 o procurador de Gamarra, ofereceu-o para diversos clubes brasileiros, entre eles Vasco, São Paulo, Santos e até o própio Corinthians, mas sempre ouvia uma resposta negativa devido a sua baixa estatura. Com 1m80, os dirigentes o consideravam baixo para a posição, mas a sorte de Gamarra mudou quando foi oferecido ao Internacional. Em 1996, finalmente, ele desembarcou sem alarde em Porto Alegre. Aos poucos foi despertando confiança na torcida e ganhou a Bola de Prata da revista Placar. No ano seguinte, foi fundamentou na conquista do campeonato gaúcho. Atraído por uma proposta boa financeiramente, Gamarra se transferiu para o Benfica de Portugal.

Sem mercado na Europa e sem conquistar títulos, decidiu voltar ao Brasil. Vanderlei Luxemburgo, que montava até então um apenas razoável time para o Corinthians, foi buscar Gamarra no Benfica. No começo de 1998, chegou ao Parque São Jorge ao lado de Vampeta, para se tornar seguramente um dos melhores zagueiros da história do Timão.

Sua estreia aconteceu em um amistoso com a Ponte Preta no dia 2 de março, em Serra Negra. O placar final foi de 1 x 1, Gamarra fizera seu primeiro gol com o manto sagrado.

Ao lado do jovem zagueiro Cris, formado na base, Gamarra fazia uma excelente dupla de zaga no Campeonato Paulista, dosando muita técnica e raça. O paraguaio apresentava uma categoria fora do comum para um zagueiro. Não perdia nenhuma disputa de bola, fosse pelo alto, ou por baixo. Raramente cometia faltas.

Na Copa da França de 1998, Gamarra não cometeu nenhuma falta. Na partida das oitavas de final, contra os franceses, o zagueiro mostrou toda sua dedicação e garra. Mesmo deslocando o ombro 2 centímetros do lugar, pediu para o médico imobiliza-lo para que ele pudesse voltar a campo. Os paraguaios perderam por com um gol na prorrogação, mas zagueiro, além de mostrar a força da garra corinthiana, foi escolhido como o melhor zagueiro da Copa.

Na sua volta ao Corinthians, começou o Campeonato Brasileiro com a tarja de capitão. O "fair play" do zagueiro era tão "absurdo" que ele chegou a ficar 724 minutos sem cometer faltas. Uma marca quase impossível para um jogador da posição.

O Corinthians, melhor time do Campeonato de ponta a ponta chegou à final com o Cruzeiro, de Fábio Júnior, revelação do campeonato e candidato a destaque das finais. No entanto, Gamarra anulou o atacante e ganhou todas as jogadas nas duas partidas. O Corinthians sagrou-se campeão brasileiro e Gamarra, com a autoridade de grande líder do time e símbolo da raça corinthiana, levantou o troféu. Sua bola refinada rendeu-lhe em 1998, pela segunda vez, a Bola de Prata da revista Placar.

A única expulsão de Gamarra com a camisa do Corinthians e uma das pouca ao longo da sua carreira, foi em um jogo contra o União Barbarense, no Canindé. Em decisão contestada, o árbitro Paulo César de Oliveira expulsou o paraguaio, interpretando jogada violenta.

A dolorosa desclassificação nos pênaltis para o Palmeiras nas quartas de final da Copa Libertadores da América de 1999 não diminuiu o ímpeto de Gamarra buscar mais um título paulista, batendo na final o próprio Palmeiras, vingando a desclassificação na competição sul-americana. Na briga generalizada, Gamarra juntamente com o capitão palmeirense Zinho, tentou apaziguar a batalha. Esse jogo marcou sua despedida do time do povo. Cansando da maratona de jogos no Brasil e seduzido pelo sonho brilhar na Europa, o atleta se transferiu para o Atlético de Madrid.

Novamente não se adaptou e não conseguiu repetir as boas atuações que teve no Corinthians. Chegou a ficar no banco de reservas e foi rebaixado para a segunda divisão espanhola. Tentou retornar ao Corinthians, mas sem sucesso, frustrando o zagueiro. Acabou aceitando uma proposta do Flamengo em 2000, mas envolvido com problemas de d financeira, deixou o clube após a conquista do Campeonato Carioca de 2001, transferindo-se para a Grécia. Após ser considerado o melhor zagueiro do país, finalmente um clube grande europeu lhe abriu as portas. Internazionale de Milão, em 2002. Ficou na Itália por três anos, quando voltou ao Brasil para defender a equipe do Palmeiras e conquistar a terceira bola de prata da carreira. Gamarra ainda disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006.

No tempo curto em que jogou pelo Corinthians, Gamarra demonstrou que um jogador de defesa pode ser bom sem cometer faltas, jogando bonito e limpo. Foi um zagueiro amado e reverenciado pela Fiel graças a sua entrega e dedicação dentro de campo.

Ficha técnica:

Nome: Carlos Alberto Gamarra Pavón
Nascimento: 12 de fevereiro de 1971
Cidade natal: Ypacaraí, Paraguai
Carreira no Corinthians: 1998 - 1999;
Títulos pelo Corinthians: Campeonato Brasileiro (1998)
Campeonato Paulista (1999)

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